segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sake




Como o saquê cresceu e se multiplicou no mundo
Os japoneses levaram 1 400 anos para transformar um mingau embriagante de arroz, comido em cerimônias da nobreza no século VII, na bebida fina e sofisticada que o saquê é hoje. Ele é feito com apenas quatro ingredientes: água, um arroz especialmente criado para a bebida (a espécie Yamada Nishiki é a mais usada),o fungo koji e leveduras (Saccharomyces cerevisiae). Os japoneses aprenderam que só o arroz polido, ou seja, sem as impurezas das camadas externas, aliado à água mineral mais pura e ao clima insistentemente frio, que alonga a vida das leveduras, pode resultar no saquê puro e de qualidade, aquele que as mulheres adoram.

A fabricação
Saquê é uma bebida cristalina e fermentada, não destilada como muitos pensam. Para deixá-lo de cara limpa, o método de produção é complexo
1. O arroz de saquê é polido, lavado e deixado de molho. Depois, os grãos são cozidos no vapor até ficarem firmes por fora e macios por dentro. O arroz é separado em duas partes menores e uma maior.
2. Uma das partes menores é separada para o koji, um fungo que se instala no arroz e transforma o amido dos grãos em açúcar. O koji é criado por 48 horas, acompanhado de perto pelo mestre preparador (toji).
3. As leveduras – micróbios que transformam açúcar em álcool – previamente criadas e selecionadas são colocadas em uma pré-fermentação, o moto, com a segunda parcela do arroz separado e a água.
4. O moto é levado ao tanque principal onde recebe água, koji e arroz em três etapas diferentes, ao longo de quatro dias. Depois repousa de 18 a 23 dias, dependendo do ciclo de vida das leveduras.
5. Quando a mistura alcança 20% de teor alcoólico, ela é filtrada: uma máquina prensa o líquido por uma série de painéis entrelaçados. No método mais tradicional, a mistura é filtrada em sacos de tecido.
6. O líquido é processado por seis meses, quando é filtrado de novo, pasteurizado, diluído em água até chegar de15% a 16% de teor alcoólico, filtrado mais uma vez e engarrafado. Existe um único tipo de saquê envelhecido em barris de carvalho, o koshu.
Quanto mais polido, melhor
Existem dois métodos de produção de saquê, e duas categorias especiais, definidas pela porcentagem do polimento do grão de arroz
Tipos
JUNMMAI
É o método mais tradicional de produção, com água, arroz, koji e leveduras em sua composição. Produz um saquê de paladar mais seco e neutro. Exige maior quantidade de arroz e um tempo maior de fermentação, o que encarece a produção.
HONJOZO
Recebe álcool etílico puro depois da fermentação principal para liberar aromas do arroz que não aparecem no método tradicional. “Honjozo” não aparece no rótulo: presume-se que se não é Junmai, é Honjozo. Ele é mais doce, aromático e persistente
Categorias especiais
DAIGUINJO
Indica que o arroz usado para o saquê foi polido pelo menos 50% antes da fermentação, ou seja, no mínimo metade do grão foi dispensado. Sua produção é a mais meticulosa, com fermentação mais demorada em baixas temperaturas e fi ltragem manual.
GUINJO
Indica que o arroz usado foi polido pelo menos 60% antes da fermentação, ou seja, 40% dele foi dispensado. Sua fermentação é um pouco menos demorada que a do Daiguinjo, e ele não recebe fi ltragem manual.
O dia seguinte
Além das outras qualidades, saquê bom não dá ressaca. Pode acreditar
SAQUÊ PREMIUM
Um Junmai Daiguinjo (premium, sem adição de álcool) é livre de várias impurezas que causam ressaca. Para começar, ele não contém conservantes, associados a dores de cabeça no dia seguinte. O arroz é polido no mínimo 50%, eliminando impurezas como proteínas e ácidos graxos das camadas externas do grão.
OUTRAS BEBIDAS
Outras bebidas alcoólicas precisam de impurezas, como açúcares, resíduos de madeira e conservantes químicos, seja para constituir seu sabor, seja para prevenir sua oxidação na garrafa (caso dos sulfitos no vinho). tudo isso, eventualmente, vai congestionar seu fígado e martelar sua cabeça.
Decifrando os rabiscos


Aprenda a ler e entender um rótulo de saquê
Os ideogramas japoneses (kanji) que indicam o tipo de saquê geralmente são pequenos, ficam em um canto do rótulo principal ou no pequeno rótulo do gargalo. Cada ideograma é uma sílaba. Use a tabela abaixo para decifrar o que vai beber.



Injustiça divinaOdeus do trovão merecia ser o deus do saquê
A mitologia xintoísta conta que Susanoono- Mikoto, deus do trovão, foi um dos primeiros homens a usar o saquê para impressionar uma mulher. Mais precisamente, para salvar uma princesa de um monstro. Susanoo ofereceu saquê à fera, e, quando o bicho estava doidão, acabou com ele. Mas não é dele o título de deus do saquê, e sim de um tal de Matsuo-Nama, que nem entra na mitologia por ser um de us menor. Vai entender…
O mapa do saquêEnquanto o sul do Japão tem ótimas fontes de água e plantações de arroz, o norte se defende com anos de tradição e um frio siberiano. Aprenda de onde saem os melhores saquês do mundo


NiigataProduz os saquês mais conceituados hoje, segundo os especialistas. De lá saem rótulos secos e aromáticos.
KyotoTem vastas plantações do arroz Yamada Nishiki e fontes de água privilegiadas, como as que vêm das colinas Momoyama. Produz saquês complexos e delicados.
HiroshimaReferência de tecnologias para a produção de saquê. Foi onde apareceu o tanque de metal esmaltado (1923), substituindo os barris de madeira. É polo dos saquês mais doces.
HokkaidoConsiderada a Sibéria do Japão. Boa parte da água é derretida de blocos de gelo azul, e em alguns produtores a bebida é feita dentro de iglus, que conservam a temperatura para longas fermentações.
AkitaAkita sentou na janelinha do bonde do saquê graças ao clima gelado e à criação de uma levedura especial, a AK-1, que fermenta saquês deliciosamente fragrantes.
HyogoConcentra a maior plantação (4 322 hectares) do arroz Yamada Nishiki, considerado o rei do arroz de saquê. Além disso, a água do monte Rokko, que fica na região, é tida como perfeita para a produção da bebida.
Saquê pelo mundo
CALIFÓRNIA São cinco produtoras, sendo duas norte-americanas e as outras três filiais japonesas.
BRASIL Aqui temos três produtoras: a Tozan, que faz o Azuma Kirin, a Sakura, dona do saquê Daiti e a mais nova produtora da excelente marca Thikara.
AUSTRÁLIA Há apenas uma produtora naquele país, a Sun Masamune.
Japas geladinhasAs garrafas básicas para começar a montar o seu arsenal de saquê
MUTSU HASSENJUNMAI DAIGUINJOTipo: Junmai Daiguinjo O polimento de 50% do arroz deixa este Daiguinjo bem suave, levemente seco. Beba frio ou gelado. R$ 190
TAISETSU NO KURAHOUSETSU DAIGUINJOTipo: Honjozo Daiguinjo Só 35% do grão é usado neste que é saquê mais puro da produtora Taisetsu No Kura. R$ 210
TAIHEIZANGUEN DAIGUINJOTipo: Honjozo Daiguinjo Koshu É o único koshu – saquê envelhecido – disponível no Brasil. Ele repousa em carvalho por três anos.R$ 180
TAKASHIMIZUSEISEN HONJOZOTipo: Honjozo Embora seu polimento de 65% seja baixo, é um honjozo de respeito. Pode servir gelado ou quente. R$ 50
MUTSU OTOKOYAMAJUNMAI CHOKARATipo: Junmai Junmai muito pouco refinado, polido apenas 70%. Mais seco.R$ 100
NAMBU BIJINJUNMAI GUINJOTipo: Junmai Guinjo Um Guinjo tão puro que é praticamente um Daiguinjo. Sirva frio ou gelado. R$ 160


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