segunda-feira, 11 de julho de 2011

Rum


Cristovão Colombo descobriu a América e trouxe consigo a principal matéria prima do rum, a cana de açúcar. Ela já era cultivada à mais de 500 anos na Índia. Não se sabe ao certo a origem da palavra rum, mas há  a associação com a palavra saccharum – do latim açúcar, que é muito bem aceita como origem da palavra.

O Rum é um destilado cujo consumo mais cresce no mundo. Conheça os segredos deste sucesso.



História

O Rum é tudo o que a cachaça quer ser hoje em dia: considerada a bebida que melhor se mistura com frutas e refrigerantes. Ele é adicionado em centenas de receitas de drinques. Além disso, em versões envelhecidas e escuras atinge prestígio maior e preços altíssimos. Porto Rico, Barbados, Cuba, Martinica, Jamaica, Trinidad e Tobago, Haiti, Santa Lúcia, México e Guiana, brigam para provar quem faz o melhor rum.
Derivado da cana-de-açúcar, cultura trazida do velho mundo pelos espanhóis, o rum teve seu berço na antiga colônia de São Domingos, nas Antilhas, no início do século XVI. Na época, o intenso tráfego de embarcações, as condições ideais do clima e solo foram alguns dos fatores decisivos para a produção e o consumo da aguardente, também conhecida como “a bebida dos piratas”.
Cada país do Caribe produz um tipo diferente de Rum, geralmente destilado a partir do melaço. A única semelhança é que todos fazem suas bebidas a partir da cana-de-açúcar, introduzida na região por Cristóvão Colombo. A história do Rum é tão fascinante quanto a do Havana Club 7 anos. No século XVII, ele era usado como remédio e tinha como estigma expulsar males e demônios do corpo dos doentes.
Os piratas, porém, já o conheciam. Bebiam, segundo historiadores, para tomar coragem para as grandes jornadas e combates históricos. - “Faz um coelho lutar como um buldogue”, era o diabo! Conforme diziam os piratas. No filme Piratas do Caribe, Johnny Deep passa o tempo todo com uma garrafa na mão e ganha a batalha. Em 1730, a Marinha Britânica inclui meia pent (250ml) de Rum com altíssimo teor alcoólico na alimentação diária dos marujos a serviço de sua majestade (os oficiais bebiam vinho do Porto ou Brandy).
Depois indicou que a bebida fosse “malhada” com água, sob o nome de grog (a expressão em português vem daí mesmo). A tripulação do almirante Nelson estava literalmente groggy ao vencer a frota de Napoleão na Batalha de Trafalgar. Existem inúmeros relatos de batalhas cujo rum foi a “segunda espada” dos piratas. Em Port Royal, onde aconteceu algumas das mais sangrentas batalhas entre a corte Inglesa e os piratas do famoso Capitão Jolly Rogger, foram encontradas mais de 2000 barricas de rum enterrados em baías e ilhas próximas ao Porto, local de fácil escoamento da produção ao outros locais das Antilhas.
A bordo dos navios ingleses o Rum ganhou o mundo, serviu como moeda comercial e até justificou uma revolução na Austrália. O mais surpreendente é que até 1969 a bebida constava oficialmente na merenda dos grupos escolares do Reino Unido.
No século XX, o Rum recebeu outros empurrões da história. A lei seca (1920-1933) nos EUA impulsionou as destiladoras em Cuba e Porto Rico. Durante a segunda guerra, países como Jamaica e Barbados se beneficiaram devido ao fato de substituir no copo dos americanos o Scoth que não podia cruzar o Atlântico. Em 1959 a Revolução Cubana favoreceu a produção das outras ilhas. Com mais ajuda vinda da indústria do turismo, a bebida passou cada vez mais a ser associada ao prazer da boa vida. Par perfeito do charuto, outro produto nobre com a marca caribenha.

Produção

A fabricação do Rum é feita por etapas. A primeira delas é a fermentação do melaço da cana-de-açúcar, processo acelerado pela adição de leveduras, que devem ser criteriosamente escolhidas  levando-se em conta os resultados pretendidos no processo.
O próximo passo é a destilação, que ao ser realizado, produz uma bebida de altíssimo teor alcoólico. Para melhorar a qualidade do produto, o processo pode ser repetido até três vezes. Em seguida, é feita a retificação, que consiste na adição de água até que a graduação desejada seja obtida. Na última etapa de fabricação a bebida é armazenada em barris de carvalho, até que atinja a maturidade desejada.
Com teor alcoólico hoje situado mais frequentemente entre 40º e 45ºGL , o Rum apresenta duas colorações: clara ou escura.
O tom mais escuro é conseguido com adição de caramelo (açúcar derretido e levemente queimado).

Variedades

Quanto a qualidade, o Rum pode ser agrícola ou industrial.

O agrícola é produzido artesanalmente, empregando-se apenas o suco da cana-de-açúcar, que lhe oferece sabor, qualidade e preços elevados. O industrial como o nome já diz, é produzido em larga escala, utilizando-se também os resíduos da cana. Sua qualidade é considerada inferior e o preço consequentemente, mais acessível.

Rum de Barbados

Os barbadianos são os mais enfáticos ao afirmar que o melhor Rum é o do Caribe. É um Rum leve, de gosto forte, que pode ser envelhecido por décadas, o que é fundamental. A Mount Gay existe desde 1633.

Rum da Jamaica

A preferência nacional é por um rum forte, mais encorpado, e com graduação alcoólica até 75%. É o preferido dos ingleses.

Martinica

É o mais tradicional entre os franceses. Ao invés do melaço, o Rum é feito a base de caldo de cana. O Rum Vieux (velho) é comparado a bons conhaques.

Cuba

É mais diversificado e mais leve que o da Jamaica, por exemplo. A marca Havana Club, estatal do governo de Cuba, tem prestígio mundial. Em versões envelhecidas, é coisa finíssima.

Trinidad e Tobago / Guiana Francesa

Parecido com o jamaicano, mas com graduação em torno de 50%. O aroma também se destaca. Nessa região, os coquetéis com rum fazem mais sucesso que puro.

Porto Rico

Destaca-se por ter criado o Rum Bacardi, a marca mais famosa do mundo. É leve e duplamente destilado, um clássico. O claro envelhece um ano e o escuro três no mínimo.

Curiosidades

O Rum pode alcançar a extraordinária graduação alcoólica de 151ºGL. Razão pela qual seu consumo em grande quantia era considerado prova de coragem entre os marinheiros.
Curiosamente, a imagem do Rum está intimamente associada ao Novo Mundo. A planta que lhe deu origem, a cana-de-açúcar, é originária da China e da Índia.
Obtido a partir da cana-de-açúcar, o Rum, incolor ou amarelado, industrial ou agrícola, é um convite a viajar até Cuba, Antilhas ou Ilha da Reunião.

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